Trocar ideias, relaxar e se divertir. Comprar e vender. As ruas, as praças e os parques são o palco e os catalisadores dessas e de tantas outras atividades às quais as pessoas devem ter o direito ao acesso. Nas cidades do futuro, os espaços abertos e democráticos são campo de arte, cultura, serviços, lazer e trabalho.
Uma grande arena de possibilidades ao alcance da mobilidade, seja em prazerosas caminhadas ou leves pedaladas. A natureza, os animais e o mobiliário urbano interagem para criar cidades mais humanas.
Se você já leu alguma edição anterior da revista do Parque Una ou se informou sobre o bairro planejado por outros canais, é possível que tenha ouvido falar no Novo Urbanismo. Esse movimento é citado sem moderação como a grande inspiração da Idealiza na concepção dessa verdadeira inovaçao que Pelotas está recebendo.
O Novo Urbanismo floresceu no começo dos anos 1980, entre arquitetos e urbanistas americanos, reagindo contra o alargamento das cidades. A ideia era reduzir a dependência do carro e criar cidades mais vivas, “caminháveis”, com vizinhanças densas que contemplem residências, empregos e estabelecimentos comerciais. Um modelo inspirado em como as cidades funcionavam antigamente, antes da construção dos arranha-céus e da popularização do automóvel.
O Novo Urbanismo é contra o modelo que muitas cidades americanas seguem, com um centro comercial e a população espalhada em bairros periféricos, exclusivamente residenciais. Com essa configuração, é preciso tirar o carro da garagem até mesmo para comprar um pãozinho na padaria.
No Brasil, temos muitos exemplos parecidos, com condomínios murados e conjuntos habitacionais populares sendo levantados longe do centro, onde se concentra o comércio, serviços e empregos. Com o Parque Una, a Idealiza Urbanismo foge desse modelo.
Flórida Inspira o Parque Una
Dos exemplos negativos para os positivos: no estado americano da Flórida estão algumas grandes inspirações para o projeto de Pelotas. É para lá que muitos americanos vão quando estão em busca de maior qualidade de vida — o que talvez colabore para que o estado seja enxergado por urbanistas como um terreno fértil para a inovação. Na Flórida, mais especificamente na região noroeste, fica Seaside, cidade litorânea banhada pelo Golfo do México que é considerada o marco do Novo Urbanismo.
A gênese de Seaside ocorreu no início dos anos 1980. Robert Davis, um reconhecido empresário do ramo imobiliário, recebeu a área como herança de seu pai e procurou a firma do casal de arquitetos Andrés Duany e Elizabeth Plater-Zyberk, dois dos fundadores do Congresso do Novo Urbanismo. “Ao explorar os protótipos para uma comunidade litorânea, começamos a nos interessar pelos modelos tradicionais, das pequenas cidades, em que as pessoas se conhecem e podem caminhar bastante”, explicou Elizabeth, em 1997, em entrevista ao famoso programa de entrevistas do apresentador Charlie Rose. “O sonho era que Seaside fosse uma comunidade modesta, de pessoas criativas, em que todos pudessem se comunicar graças à configuração física que lhes foi provida”, completa.
Na mesma entrevista, Andrés Duany atribui a fama de Seaside ao fato de ela ter sido o primeiro exemplo do Novo Urbanismo, movimento que surgiu, segundo ele, com o objetivo de atacar o inimigo chamado alastramento urbano. “Seaside é uma alternativa ao alastramento: é compacta, caminhável e tem ocupação e renda diversificada. Tem todos os princípios”. São fatores que colaboram para um único fim: proporcionar melhor qualidade de vida aos cidadãos.
Cidades para as pessoas
Anterior aos “novos urbanistas” americanos, o arquiteto dinamarquês Jan Gehl já problematizava essas questões. Desde a publicação do livro Life Between Buildings (“Vida entre prédios”, em tradução livre), em 1971, ele defende o resgate da escala humana no planejamento urbano e na construção dos prédios, tal e qual se fazia nas cidades antigas. Na escala humana, as referências são os pés e olhos das pessoas — “como elas se movem?” e “até onde conseguem olhar?” são perguntas fundamentais. Para Gehl, essa perspectiva é o antídoto para o que chama de “Síndrome de Brasília”, em uma crítica à nossa capital federal: uma cidade planejada que é fantástica quando contemplada a partir de um avião ou helicóptero, mas problemática na escala humana dos pedestres.
Essa visão crítica foi desenvolvida depois de uma provocação de sua mulher, a psicóloga Ingrid, com quem o dinamarquês casara em 1960: “por que vocês, arquitetos, não se interessam pelas pessoas?”. A partir daí, ele compreendeu que projetar o design dos prédios é mera escultura — a arquitetura de verdade está na interação entre vida e forma.
Assim como Jan Gehl e o Novo Urbanismo propuseram uma alternativa ao modelo de alargamento de ruas e rodovias, prédios incontempláveis e separação entre comércio e residências, a Idealiza propõe uma mudança no Brasil, trazendo um novo entendimento do que é a cidade ideal: um lugar para ser vivido e admirado por quem está com os pés no chão.
Felizmente, iniciativas que colocam a vida em primeiro lugar não são exclusivas das cidades planejadas como Seaside. É possível começar em menor escala, com uma vizinhança ou um bairro.
Justamente a proposta do Parque Una. Colocar em prática as ideias de que falamos aqui, criando um novo bairro em Pelotas. Que tal começar a expandir esses conceitos? Visite o Parque Una, informe-se sobre o projeto e ajude a disseminar um novo estilo de vida.
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